NEUROCIENTISTA EXPLICA O PAPEL DA FÉ NA LUTA POR GRANDES CONQUISTAS
NEUROCIENTISTA
EXPLICA O PAPEL DA FÉ NA LUTA POR GRANDES CONQUISTAS
As Olimpíadas de Tóquio chegaram ao
fim nesse domingo (08) e o Brasil a sua melhor marca com um total de 21
medalhas. Foram mais de 11 mil atletas de 203 países. E muitos deles, como os
brasileiros Ítalo Ferreira, Rayssa Leal e Rebeca Andrade, tiveram um reforço a
mais além das horas e horas dedicadas aos treinamentos. Eles parecem ter tido
um controle maior de suas emoções para alcançar seus objetivos através da fé. É
sobre isso que o neurocientista Fabiano Abreu fala nesta entrevista, que mostra
como a fé ajudou cientificamente nossos atletas a lidarem com a pressão e
conseguirem vitórias em suas modalidades. Lembrando que os mesmos benefícios
estão disponíveis a qualquer pessoa que deposita sua confiança em Deus,
alcançando um equilíbrio emocional.
É possível afirmar que a fé produz grandes conquistas? Como isso acontece?
Dr. Fabiano Abreu: É possível sim, porque quando você tem fé,
cientificamente é comprovado que você libera neurotransmissores, que são
mensageiros químicos no cérebro, nas regiões em que se tem uma recompensa, o
Sistema limbico, que é a região emocional do cérebro. Ou seja, a fé faz com que
você produza sensações que fazem bem e a partir daí você tem melhores chances
de conseguir mais conquistas.
E como o senhor analisa o papel da fé nas conquistas do surfista Ítalo
Ferreira, da skatista Rayssa Leal (foto) e da ginasta Rebeca Andrade nas
Olimpíadas?
O papel da fé, no caso de atletas olímpicos como o Ítalo Ferreira e a Rayssa
Leal, que eu acho inclusive que deveria ser mais propagada, já que acredito que
ela foi essencial para suas conquistas, porque você consegue resolver melhor a
pressão quando tem fé. Por exemplo, quando você acredita que Deus vai te ajudar
a conquistar algo, então a pressão diminui. Isso porque você coloca a responsabilidade
não só em cima de si mesmo. E caso não ganhe, você vai se confortar pensando
que Ele não quis que fosse dessa vez. Então você tem aí uma inteligência
emocional mais bem trabalhada no que se diz respeito ao controle e manipulação
da região emocional do cérebro.
E a gente também pôde ver muita maturidade nas declarações da Rayssa, que
tem apenas 13 anos. A fé ajuda a produzir essa autoconfiança mesmo em alguém
tão jovem?
A fé ajuda a Rayssa, já que ela deposita na fé as suas razões. Imagina que esse
Sistema limbico do cérebro, que é a região emocional, ela tenha ocilações, que
é o que acontece. Quando se tem uma ansiedade, que você tem que ganhar aquilo,
você de certa forma potencializa tudo. É aí que essa região causa disfunções
nesses mensageiros químicos, trazendo problemas mentais. Tem também a questão
do próprio narcisismo. Aquele atleta que acredita ser superior demais, que o
narcisismo se torna patológico, e isso é um derivado da própria ansiedade
também, e do uso das redes sociais, essa pessoa não admite perder. Ela não
aceita a derrota. Já a pessoa que tem fé, ela não acredita ser superior. Ela
crê que tem alguém superior a ela, que é Deus. Então ela não se posiciona nesse
narcisismo que pode ser prejudicial na competição.
Então, podemos afirmar que pessoas religiosas são mais vitoriosas?
Podemos afirmar que pessoas religiosas podem ter maiores chances de vitórias,
porque ela consegue ter um equilíbrio maior das suas emoções, não deixando que
a emoção sobresaia, distorcendo e fazendo com que ela perca.
O Ítalo Ferreira com a frase “diz amém que o ouro vem” e a rotina de oração,
pode ter se beneficiado de um controle da ansiedade, muito comum quando se está
sob grande pressão como uma Olimpíada?
Não só pode como foi beneficiado. Ele depositou na fé dele a chance da vitória.
E se confortou pensando que se, caso não acontecesse, seria porque Deus não
quis naquele momento. A partir dali ele conseguiu ter um equilíbrio maior. E a
ansiedade não se potencializa de maneira que faça com que ele se atrapalhe. A
ansiedade, o sistema limbico, pode fazer você perder a razão devido a este
descontrole. Então, ele consegue manter a razão e o equilíbrio muito maior
devido à fé que ele tem.
E como nós, que não somos atletas, podemos nos beneficiar da fé no nosso dia
a dia?
Nós podemos nos beneficiar da mesma maneira que eles se beneficiam. A diferença
do atleta para nós é que esta é a profissão dele. Mas nós também temos nossas
batalhas, nossas metas. E a gente precisa do equilíbrio para conquistá-las da melhor
maneira. Não podemos permitir que a disfunção emocional prejudique a razão. Só
assim poderemos, com coerência, resolver os nossos problemas.
Então o benefício da fé na vida de qualquer ser humano é cientificamente
comprovado?
É importante dizer que eu sou um cientista, não um religioso. Ou seja, eu não
estou defendendo a fé porque eu quero condicionar pessoas. Eu falo com
comprovações científicas. A fé é sim importante. Eu chamo a religião de uma
terapia gratuita, aquilo que você pode ir, está disponível, está disposto a
ajudar e, você acreditando, ter nessa terapia mediante a religião, aos
ensinamentos da Bíblia que para mim é uma filosofia de vida, e que é importante
para o conhecimento e para você saber como lidar com a vida, com as pessoas, com
tudo. E a fé, como já expliquei, ela é importante para o equilíbrio, que nos
permite resolver melhor os nossos problemas e alcançar mais e melhores
conquistas.
MARCIA PINHEIRO